Para um profissional do ramo de recursos humanos, uma das partes mais complicadas do ofício é desligar os funcionários de uma empresa. Esse tipo de atitude é particularmente difícil por lidar diretamente com os sentimentos e as expectativas de outra pessoa. Pensando nisso, foi criado o outplacement, uma estratégia de desligamento humanizado, tema central deste post.
Com o uso dessa estratégia, as empresas conseguem uma abordagem muito mais eficaz na hora de demitir funcionários, ajudando-os na recolocação no mercado de trabalho e diminuindo os danos emocionais causados ao colaborador desligado, ao responsável pela demissão e também aos funcionários que ainda trabalham para a empresa.
Neste artigo, vamos elucidar as principais dúvidas sobre o outplacement. Aqui, tratamos um pouco sobre o que é essa estratégia, como ela funciona, como ela impacta na qualidade de vida dos envolvidos e quais são as suas principais vantagens. Ficou curioso? Continue a leitura e aprofunde o seu conhecimento sobre o assunto!
O que é outplacement?
O outplacement nada mais é que uma estratégia empresarial com foco na recolocação do profissional demitido no mercado de trabalho. A sua história começou na década de 1960, com os engenheiros e outros profissionais que fizeram parte da corrida espacial e necessitavam de novos cargos após o desligamento das empresas espaciais, graças a uma crise ocorrida no segmento.
De modo geral, esse é um processo extremamente humanizado. Ele utiliza, portanto, métodos mais concentrados no bem-estar daquele funcionário, preocupando-se com a sua saúde física e mental, minimizando os danos que podem ser causados por uma demissão, especialmente durante tempos de crise.
Nesses casos, o responsável pelo setor de recursos humanos trabalha em conjunto com o funcionário em vias de desligamento, conversando com ele sobre as suas expectativas de carreira dali para a frente. Assim, são estudados os pontos fortes e fracos do currículo, gerando um guia do que deve ser trabalhado e daquilo que realmente gerará frutos profissionais.
Além disso, são estudadas as realidades do mercado naquele momento, fornecendo um panorama abrangente e realista para o funcionário. Com todos esses dados, é feito um diagnóstico com foco na realocação daquele colaborador no mercado de trabalho, guiando-o de forma digna e humanizada para o próximo passo em sua vida profissional.
Como implantá-lo nos negócios?
O outplacement pode tanto ser condicionado por empresas especializadas no assunto, contratadas de modo terceirizado, como pelo próprio setor de recursos humanos de determinado negócio. A escolha dependerá unicamente das prioridades e expectativas de cada gestor responsável pelos colaboradores de uma empresa.
Para quem escolhe fazer o serviço de forma interna, ou seja, com o próprio RH, é recomendado que se passe por um período de treinamento. Ele pode ser feito por meio de palestras, coachings ou cursos, que indicarão qual é a conduta recomendada para profissionais que lidam com a demissão de outros.
Nesses cursos, são abordados aspectos como a humanização, a empatia, o tom de voz utilizado e muitos outros relacionados aos sentimentos do interlocutor. Além disso, serão tratados os aspectos legais e mais técnicos do trabalho, o que envolve a busca de vagas que combinem com o perfil daquele colaborador e uma análise completa de seu currículo e do mercado envolvido no segmento.
Quais são as vantagens do outplacement para uma empresa?
Agora, que tal conversarmos um pouco sobre os principais benefícios desse tipo de estratégia? Assim, fica muito mais simples entender quais são as vantagens de implementá-la em sua empresa. Vamos lá?
Auxilia os colaboradores desligados a encontrar um novo emprego
O desemprego não é benéfico para nenhuma das partes envolvidas no processo de demissão. Durante essa fase, os empregados demitidos recebem benefícios, incluindo indenizações ou outros encargos, que podem vir a ser penosos para a empresa.
Quando encontram uma nova posição, esse tipo de pagamento não é mais necessário e os custos diminuem. Por isso, recolocá-lo novamente no mercado de trabalho é uma vantagem, tanto para o funcionário quanto para a própria empresa.
Melhora a imagem da empresa
Nos tempos atuais, é muito difícil que condutas inadequadas com os funcionários fiquem impunes. Com o avanço da tecnologia e a rápida distribuição de informação, fica muito mais fácil estar sempre bem informado sobre os acontecimentos de várias partes do mundo.
Da mesma maneira, boas atitudes repercutem com velocidade semelhante. Assim, atitudes corretas e benéficas repercutem positivamente de maneira muito rápida, fazendo com que a empresa ganhe pontos e uma imagem muito melhor no mercado de atuação.
Faz com que os funcionários contratados sejam mais leais
Os processos de demissão não são assustadores apenas para os funcionários que estão sendo desligados e para os profissionais do RH. Esse tipo de acontecimento também é traumático para aqueles colaboradores que ainda fazem parte do grupo de contratados, já que eles ficam ansiosos e com receio de também serem demitidos.
Por isso, investir no outplacement é uma boa maneira de mostrar que, independentemente do que aconteça, o funcionário terá todo o suporte necessário para enfrentar esse período. Além disso, mostra que a empresa se importa verdadeiramente com a sua equipe e que está disposta a atender aos seus pedidos, melhorando a produtividade e o ambiente de trabalho.
Reduz os riscos de penalizações legais
Por fim, outra vantagem do outplacement é a redução de eventuais problemas legais, a maioria deles criados por ex-funcionários descontentes com a demissão ou com o modo como o processo aconteceu, além de evitar uma série de doenças ocupacionais ligadas ao emocional, como a depressão.
Investir em uma demissão humanizada e respeitosa, recolocando os funcionários no mercado de trabalho e trazendo novas oportunidades para sua carreira, faz com que eles fiquem muito mais satisfeitos e evita uma série de problemas desnecessários no âmbito legal.
Como vimos, o outplacement é uma estratégia extremamente benéfica para todos aqueles que estão inseridos em um ambiente corporativo. Ele auxilia tanto os profissionais da área de recursos humanos como os funcionários que estão em processo de desligamento, tratando-os com o devido respeito e auxiliando-os em seu futuro profissional.
Quais são os princípios para uma demissão humanizada?
Quando se fala em aplicação de uma estratégia de demissão humanizada, é preciso considerar princípios básicos que norteiam a estratégia. A seguir, entenda quais e como eles funcionam na prática.
A demissão deve ser um recurso extremo
Antes de considerar o desligamento de um funcionário é preciso avaliar se a empresa já esgotou os recursos para a manutenção do mesmo no quadro de colaboradores. Isso significa que é importante que o empresário e gestor considere outras alternativas antes de optar pela demissão. Apenas após esgotar as tentativas de manter o funcionário na equipe, é que deve ser colocado em prática o processo de desligamento.
A decisão de demitir deve ser colegiada
Em uma empresa que parte da premissa das demissões humanizadas, é essencial que a decisão de desligar um determinado colaborador seja colegiada. Decisões unilaterais podem ser prejudiciais para o negócio já que, muitas vezes, refletem as vontades e impressões de apenas uma pessoa.
A demissão deve ser tratada individualmente
Isso significa que a demissão é um processo de diz respeito a um único colaborador, por isso, ao optar pelo desligamento é necessário avaliar as particularidades e individualidades de cada caso.
O motivo da demissão deve ser comunicado e esclarecido
Sempre que um colaborador é desligado, o profissional do RH responsável pelo desligamento deve ser claro na exposição dos motivos que levaram à demissão. Todos os esclarecimentos devem ser dados de forma educada, receptiva e profissional.
A demissão deve ser feita e local reservado
É extremamente importante que o processo de desligamento seja realizado em uma sala reservada, sem a presença de outras pessoas e que garanta que o colaborador esteja à vontade. Jamais faça um desligamento em um ambiente onde estejam presentes outras pessoas que não vão participar do processo.
O demitido deve ter a chance de falar e perguntar
É necessário deixar o colaborador à vontade para que ele exponha as suas dúvidas e expresse a sua opinião a respeito da situação. Dar a palavra e entender o que ele está pensando é muito importante dentro de um procedimento de demissão humanizada.
O demitido deve ser tratado com respeito
O respeito é essencial, independentemente do motivo que levou ao desligamento do colaborador. A manutenção de uma relação respeitosa faz parte da cultura de uma empresa e deve ser o ponto-chave de todas as relações mantidas entre a empresa e seus colaboradores.
O demitido deve ser reconhecido e recompensado
Nos casos em que couber, o demitido pode ser recompensado pelo seu trabalho ao longo do período que esteve dentro da empresa. Se não for o caso, o processo de demissão humanizada sugere que durante o desligamento ele seja elogiado e reconhecido pelas contribuições que trouxe para a empresa.
O demitido deve ser ajudado a encontrar um novo trabalho
Esse é outro ponto-chave da demissão humanizada. A empresa deve criar uma situação favorável para que o demitido tenha condições de ser recolocado no mercado de trabalho. Isso pode ser feito por meio do encaminhamento a uma empresa de recolocação profissional, por exemplo.
Os demais colaboradores devem ser cuidados e tranquilizados
Sempre que houver um desligamento dentro da empresa, é essencial que os demais colaboradores sejam informados, sendo esclarecido objetivamente a respeito do que aconteceu e tranquilizando a equipe.
Como você pôde ver, a desligamento humanizado é muito interessante dentro da estratégia de gestão de pessoas de uma organização empresarial. Com boas estratégias é possível alcançar excelentes resultados, melhorando o clima organizacional e contribuindo para o desenvolvimento de uma cultura mais alinhada com os princípios do respeito e colaboração.
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