Em declaração feita a alguns dias, a Organização Mundial da Saúde (OMS), alerta que o Brasil vive uma epidemia de partos cesáreos, isso porquê o país é o campeão mundial em realização
desse tipo de cirurgia,
são quase 60% de partos cesáreos, o que contrária a recomendação mundial de 15%.
Essa declaração põe em cheque a realidade da obstetrícia no país. Segundo a própria OMS a indicação indiscriminada de partos cesáreos, sem nenhuma indicação ou necessidade, representa uma violência obstétrica e fere o direito de escolha da mulher.
O que é violência obstétrica
A violência obstétrica é um assunto ainda pouco discutido no país, entretanto, representa casos muito recorrentes. Os estímulos da OMS e da própria Saúde Suplementar no país para a humanização do parto, joga luz para outra gravidade, a violência obstétrica.
De acordo com o Ministério Público de São Paulo, a obstetrícia é mundialmente a área médica com maior número de infrações.
O próprio Ministério Público define a violência obstétrica como sendo “a apropriação do corpo e dos processos de reprodução das mulheres por profissionais da saúde, por meio de tratamento desumanizado, abuso de medicalização e patologização dos processos naturais, causando a perda da autonomia e a capacidade de decidir livremente sobre seus corpos, impactando na sexualidade e negativamente na qualidade de vida das mulheres”.
De acordo com pesquisa da Fundação Perseu Abramo, no Brasil uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência no atendimento ao parto.
A própria OMS reconhece que os números da violência obstétrica no país são muito altos. Um exemplo disso é a incidência de episiotomia (corte entre a vagina e ânus), no Brasil
esse número em partos vaginais é de 53,5% e a recomendação da OMS é não ultrapassar os 10%. A OMS também alerta para o uso muito comum de ocitocina sintética, medicamento utilizado para agilizar o trabalho de parto, é comum também a tricotomia (corte de pelos pubianos).
Formas de violência obstétrica mais comuns
– proibição da entrada do acompanhante escolhido;
– recusa de atendimento em hospital ou maternidade;
– procedimentos que interfiram no corpo da mulher, causem dor ou dano físico. Exemplos: soro com ocitocina para acelerar o parto por conveniência médica, exames de toque sucessivos de toque e por diferentes pessoas, privação de alimentos, episiotomia (corte vaginal), imobilização (braços, pernas), etc;
– qualquer ação verbal ou comportamental que cause ofensa e sentimento de inferioridade;
– a realização de cesareana sem indicação clinica e sem o consentimento da mulher;
– impedir e adiar o contato com o bebê após o parto, impedir o alojamento mãe e bebe, mantendo em berçário por conveniência;
– introduzir mamadeiras e chupetas dificultando o aleitamento materno;
Mitos ditos às mulheres para a indicação de cesareanas
– bebê muito grande, muito pequeno ou “passando da hora”;
– mulher com baixa estatura, ou quadril estreito (sem passagem);
– cordão enrolado no levitra vs cialis
pescoço;
– pé do bebê “preso na costela da mãe;
– pouco líquido amniótico;
– mulher que tenha feito cesareanas anteriores;
– deficiência ou mobilidade reduzida;
– falta de contração ou dilatação fora do trabalho de parto;
– hemorróidas, hepatite, cardiopatite, etc;
Boas prática
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetricia, divulgou em fevereiro uma nota em apoio às recomendação da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde, para a realização do parto espontâneo e humanizado.
A FEDRASGO salienta da importância de uma equipe médica completa na maternidade, evitando com isso possíveis situações de vulnerabilidade. Médicos e hospitais devem seguir as boas práticas recomendadas: parto espontâneo, posição confortável, líquidos e métodos não farmacológicos. A não recomendação desenfreada de venóclise, enema e trocotomia.
Se o atendimento foi feito por um plano de saúde, a paciente deverá notificar a operadora sobre o acontecimento.
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