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.Wellington Marques de Oliveira Variedade de alimentos é a chave da saúde.

As melhorias ocorridas no ambiente global neste último século, resultado dos processos tecnológicos e científicos são difíceis de se listar. Os avaços na agricultura e no processamento de alimentos os tornaram mais disponíveis e facilitaram o consumo humano.

Estes avanços tem revelado um dado positivo: já foram registradas quedas nas estatísticas da desnutrição em diversas regiões do mundo. Em paralelo as mudaças no panorama nutricional, tem provocado uma redução significativa

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na ocorrência de doenças infecciosas e na mortalidade por fatores nutricionais.

Já é fato que uma alimentação adequada em termos de quantidade e qualidade garante um suporte de nutrientes essenciais para o bom funcionamento do sistema imunológico, combatendo agentes agressores ao organismo e promovendo saúde.

DA DESNUTRIÇÃO PARA A NUTRIÇÃO EXCESSIVA

Por outro lado, há um paradoxo entre quantidade e qualidade nutricional. A transição do estado global de subnutrição para a condição de nutrição excessiva, foi em grande parte responsável pelo surgimento de uma nova condição de morbidade, a obesidade.

As doenças infeccionsas decorrentes do processo de desnutrição deram lugar a outras patologias como a diabetes mellittus tipo 2 (DM2), hipertensão arterial, dispidemias e doença cardiovascular aterosclerótica, todas essas representam hoje importantes problemas de saúde pública nos diferentes continentes, independentemente de seu grau de desenvolvimento, ocasionando altos custos para o sistema único de saúde e para as operadoras de planos de saúde.

O Brasil encontra-se numa fase avançada de transição nutricional e os índices de indivíduos com excesso de peso sinalizam um alerta e supera em muito os indivíduos com déficit de peso.

A obesidade atinge proporções epidêmiológicas. Somente no Brasil estima-se que 13% das mulheres e 9% dos homens são obesos. Os fatores determinantes para a obesidade do brasileiro, está a densidade energética dos alimentos atualmente consumidos, excesso de gorduras saturadas e sal e consumo insuficiente de frutas e hortaliças, especialmente associada a ausência de atividade física.

Portanto, as modificações alimentares foram rápidas e intensas, agravando o cenário epidemiológico da obesidade. Embora a obesidade seja a enfermidade metabólica mais antiga que se conhece, o controle e a manutenção do peso adequado representam hoje um dos maiores desafios das agências de saúde.

As mudanças nos padrões alimentares obrigaram a Organização Mundial de Saúde (OMS) a propor uma estratégia mundial visando promover padrões saudáveis de alimentação e de estilo de vida. A “Estratégia Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde”, busca incentivar os países para a aplicação, de acordo com suas realidades locais, políticas de incentivo a saúde e a prevenção da obesidade com vistas aos aspectos nutricionais.

QUEM COME MENOS REALMENTE VIVE MAIS?

Uma pesquisa publicada na revista “Science”, feita por especialistas em nutrição e longevidade revelou que a redução de até 50% de ingestão calórica diária seria capaz de reduzir a atividade de mecanismos envolvendo a glicose, fatores de crescimento e proteínas que regulam o crescimento, a multiplicação e a morte celular, elevando assim a expectativa de vida dos animais. Algumas mutações genéticas envolvidas nesse processo apresentam efeito similar. Os animais apresentaram menos doenças relacionadas à idade, como o câncer e problemas cardiovasculares e cognitivos.

De acordo com o estudo, a restrição calórica foi capaz de reduzir o acúmulo de mutações no DNA, típicas do envelhecimento. Ao reduzir a atividade de alguns nutrientes, foi possível reduzir o ritmo do envelhecimento e houve consequentemente a prevenção de algumas doenças crônicas da velhice.

De acordo com Valter Longo, do Departamento de Bioquímica da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, “não se trata apenas de ter uma dieta mais saudável e, com isso, retardar o surgimento de problemas tipicamente relacionados à má alimentação e à idade, como as doenças cardiovasculares e a diabetes. Mas estamos falando de um real efeito de retardar o envelhecimento celular”.

Os testes foram feitos em roedores. Os seres humanos ainda não foram estudados da mesma maneira, entretanto, o acompanhamento de grupos que seguem uma dieta saudável e menos calórica, revela um ganho similar.

É preciso muito alerta às restrições radicais e rígidas. A redução abrupta para baixo de mil calorias pode apresentar efeitos colaterais como a redução de libido e a ocorrência de resfriados. Porém uma redução moderada na ingestão de alimentos pode ter efeitos muito positivos. Os cientistas recomendam que o ideal é substituir alguns alimentos, dá para comer normalmente, só é preciso ingerir muitos legumes, verduras, grãos, frutas, peixe e pouquíssima carne vermelha e de frango.

Os países vivem uma verdadeira epidemia de obesidade, dentre eles o Brasil, portanto a questão da alimentação se transformou numa questão de saúde pública e de política pública. Os governos deveriam promover incentivos e políticas de consumo de alimentos ricos em nutrientes e desencorajar o consumo de alimentos repletos de calorias vazias e que são obesogênicos.

VIVER MAIS E COM MAIS SAÚDE

A grande discussão entre os cientistas não esta apenas em viver mais, mas o grande desafio é viver mais e com mais saúde. Hoje, a expectativa de vida média nos países desenvolvidos é de cerca de 80 anos, mas muitas pessoas são saudáveis somente até os 50. As novas pesquisas e descobertas sobre a restrição calórica e outras mais relacionadas à genética e as intervenções famacológicas, buscam reduzir essa lacuna de 30 anos entre a expectativa de vida e a qualidade de vida.

As operadoras de planos de saúde já estão implementando campanhas e fazendo acompanhamentos mais rigorosos nos beneficiários com os problemas acima, visando prevenir outras doenças decorrentes da obesidade.

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