Conheça este “lado B” da saúde mental das mamães que acabaram de dar à luz, do qual pouco se fala, mas que, com a pandemia, tornou-se mais comum.
Um esgotamento pouco conhecido
Ser mãe, em geral, é uma condição muito celebrada, mas, às vezes, tanto enaltecimento acaba deixando pouco espaço para algumas situações não tão agradáveis. O burnout materno é um desses casos indesejáveis, que se manifestam em meio a um turbilhão de emoções e, possivelmente por isso, não recebem a atenção adequada. Continue a leitura para entender esta síndrome que acomete mamães de bebês e crianças pequenas, como identificá-la e onde encontrar tratamento.
O que é o burnout materno?
Também conhecido como Síndrome do Esgotamento Materno ou Mommy Burnout, trata-se de uma espécie de “primo” do burnout profissional. O princípio é basicamente o mesmo: uma alteração no quadro psicológico (que pode se estender ao físico) devido ao acúmulo de estresse tanto físico quanto emocional, em consequência de excesso ou dedicação excessiva ao trabalho.
Para entender como isso se dá com as mamães é só pensar em toda a sobrecarga emocional que vem junto com um recém-nascido. Afinal de contas, os sentimentos são muito intensos, desde a alegria imensa de ter gerado e dado à luz uma criança, até o medo de não saber como lidar com a nova realidade, apenas para citar alguns.
Vale lembrar que, embora o burnout materno relaciona-se a recém-nascidos e crianças pequenas, ele não se resume ao primeiro filho. Pode acontecer mesmo que a mãe já tenha outros filhos.
Outro detalhe importante, é que, embora parecidas Síndrome do Esgotamento Materno e Depressão Pós-parto (ou, mais atualmente denominada depressão puerperal) são coisas diferentes. Essa depressão pode ter início mesmo durante a gestação e não tem uma relação tão direta com o esgotamento vindo das atividades realizadas no dia a dia, como é o caso do burnout.
Por isso é preciso ressaltar que no caso do mommy burnout não estamos falando de um cansaço regular (ainda que intenso) proveniente da rotina. Estamos falando de um esgotamento profundo que não desaparece, mesmo se a mamãe tiver uma rede de apoio. Quando é assim, até as tarefas que demandam menos se tornam desgastantes e podem levar a mamãe, de fato, ao desespero, e com isso vem tristeza e desânimo.
Como identificar a síndrome de burnout?
Assim como no burnout profissional, o que sobressai inicialmente, no caso do burnout materno são os sintomas emocionais, como por exemplo:
– Irritabilidade
– Profunda exaustão mental e exaustão física
– Sentimentos de impotência e culpa
– Dificuldade para praticar o autocuidado
– Desânimo para cuidar do bebê
– Problemas de memória
Esses sintomas, em geral, aparecem na seguinte ordem: primeiro as sensações relacionadas à exaustão física, depois, um distanciamento emocional em relação aos filhos. Em seguida a falta de prazer e satisfação no exercício da maternidade; por último vem o isolamento, vindo de uma sensação de impotência.
Para além desses, a mamãe ainda pode apresentar sintomas em outras partes do corpo, como:
- Desconforto estomacal
- Dores de cabeça ou enxaqueca
- Dores musculares
Detalhe importante é que, embora seus nomes mais conhecidos refiram-se à mãe, é possível pensar nessa síndrome de forma mais ampla, envolvendo também os pais. Neste caso, em que se abrange mãe e pai, a denominação mais usada é “Síndrome Parental”.
Acho que estou enfrentando uma Síndrome de Burnout Materno. O que faço?
A primeira coisa a fazer, quando se suspeita de qualquer problema de saúde, é contar com auxílio profissional. Neste caso, não é diferente e é recomendável que você entre em contato com um profissional de saúde (médica ou psicóloga ou outro de sua confiança). O tratamento pode ser medicamentoso, caso a situação esteja em uma fase mais aguda, ou não medicamentoso em casos de menor gravidade.
Como aconteceu em muitos casos durante a pandemia, os casos de burnout materno ganharam mais evidência. O isolamento social, home-office e a sobrecarga que tudo isso gerou às mulheres, contribuíram para esta realidade. Por isso, não deixe de buscar ajuda em caso de dúvida. Um diagnóstico correto e tratamento adequado conseguem dar conta da situação. O essencial é não tentar passar por isso sozinha.
Como evitar o burnout materno?
Antes de tudo, procure não se deixar anular pela maternidade e aproveite e valorize, dentro do possível, momentos de individualidade. Pode ser a hora do banho, em alguns momentos para se exercitar ou tomar uma xícara de café. Seja o que for, aproveite cada segundo desse tempo. Procure praticar o autocuidado e manter-se atenta às manifestações do seu corpo. Em geral os sinais não aparecem todos de uma só vez. Portanto uma dor de cabeça que não passa ou um cansaço que vai aumentando muito devem estar no seu radar.
Outra atitude importante é manter uma rede de apoio e contar com esse grupo para pedir e aceitar ajuda também. Além disso, inclua entre seus relacionamentos pessoas que não têm filhos, e passe algum tempo com elas. A intenção aqui é arejar um pouco a mente com algumas conversas possam ir além da rotina de uma casa com crianças.
Em casa, procure sempre dividir as tarefas com seu companheiro ou companheira e com os demais membros da família. Faça uma lista de prioridades, aprenda a delegar tarefas e lembre-se: ninguém é perfeito e isso inclui você. Você conhece alguma mãe que possa estar nesta situação de esgotamento? Então não deixe de compartilhar!