Nestes últimos meses muito se tem falado sobre o vírus Zika e a maneira como ele age no
organismo humano. Uma coisa é unanime, pouco se sabe sobre a ação do vírus Zika e como ele afeta a saúde do ser humano.
Uma nova especulação tem mobilizado a ação de cientistas e pesquisadores brasileiros e americanos a fim de determinar se há ligações entre o vírus zika e a síndrome de Guillain-Barré. A informação foi publicada nesta quarta-feira, 10, por meio de um depoimento feito no Congresso dos EUA pelo diretor do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), Thomas Frieden.
A audiência foi realizada no Comitê de Relações Exteriores, e convocada para discutir a epidemia global de zika, que tem seu epicentro no Brasil. Em declaração, observou Friedman que “Ainda não há comprovações cientificas de que uma infeção pelo vírus zika possa provocar a síndrome de Guillain-Barré”. Mas ele disse que a doença é uma consequência de vários tipos de infecção, entre as quais as provocadas por vírus semelhantes ao zika.
A síndrome de Guillain-Barré é mais uma das faces do mosquito Aedes aegypti – o mesmo que transmite a dengue e a febre chikungunya. A Organização Mundial de Saúde alerta para o combate ao mosquito e que os países aumentem a capacidade de detectar os casos da doença.
Aumento significativo de casos da síndrome de Guillain-Barré
O alerta se dá em razão do aumento significativo de casos da síndrome de Guillain-Barré, o que levanta a possibilidade de que seja mais uma doença associada à infecção pelo zika vírus. A OMS já está confirmou a relação do vírus Zika com a microcefalia.
De acordo com levantamento feito pelo Ministério da Saúde, pelo menos seis Estados registraram ocorrências da Síndrome de Guillain-Barré maiores que o normal no ano de 2015. Somente no Estado de Pernambuco foram registrados 130 casos em 2015, contra 9 casos contabilizados no ano de 2014. No Estado do Rio Grande do Norte, o aumento foi de 23 para 33 casos. No Piauí, foi quase o dobro: 42 casos contra 23 em 2014. Sergipe tem 28, sem nenhum registro nos anos anteriores. No Maranhão, 32 contra os 10 de 2014. Na Bahia, saltou de 29 casos para, em cinco meses depois, 64.
O que é afinal a síndrome de Guillain-Barré
A síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune, normalmente associada a uma infecção viral, neste caso a síndrome poderia estar associada a infecção causada pelo zika vírus.
Primeiro a pessoa entre em contato com o vírus, o organismo desenvolve imediatamente anticorpos contra ele. A síndrome acontece quando os anticorpos, começam a atacar a bainha de mielina, substância que se forma ao redor das fibras nervosas de todos os nervos periféricos. A síndrome acomete especialmente os membros inferiores em estado progressivo, podendo atacar os membros superiores, podendo até acometer os pares cranianos.
Há registros de casos mais graves em que o paciente fica impossibilitado ou com dificuldades para andar, movimentar-se e até ser necessária uma internação, principalmente quando compromete o coração e a respiração. A síndrome é potencialmente mais grave nos adultos e geralmente, não deixa sequelas nas crianças.
Sintomas da síndrome de Guillain-Barré
Os sintomas da síndrome de Guillain-Barré após um processo viral, podem ser:
• Progressão dos sintomas ao longo de 4 semanas
• Relativa paralisia de membros (dificuldade, em graus semelhantes, para movimentar membros dos dois lados)
• Sinais sensitivos leves a moderados
• Envolvimento de nervos cranianos, especialmente fraqueza bilateral dos músculos faciais
• Dor
• Disfunção autonômica
• Ausência de febre no início do quadro
Tratamento da síndrome de Guillain-Barré
A síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune e costuma desaparecer espontaneamente. O tratamento na maioria dos casos é intravenoso, mas é utilizado apenas para diminuir o tempo de evolução da doença. “Como são os nossos próprios anticorpos que atacam os nervos, não existe um tratamento contra os nossos autoanticorpos. Temos que esperar a doença acabar por si só”,
Sequelas da síndrome de Guillain-Barré
As crianças costumam ter uma evolução melhor e, geralmente, não apresentam sequelas. No caso dos adultos, é possível que ele precise fazer fisioterapia ou procurar um fonoaudiólogo — geralmente, a recuperação acontece após alguns meses.